quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Ouça o poema Invictus, com Morgan Freeman

Invictus é um poema victoriano do poeta inglês William Ernest Henley (1849–1903).

Henley foi um poeta de vida trágica e corajosa: aos doze anos, pegou tuberculose nos ossos, e algum tempo depois seu médico decidiu amputar sua perna abaixo do joelho, como a única maneira de salvar sua vida, nos seus 25 anos de idade.

Um ano depois ele escreveu o poema Invictus, e viveu até os 53, de maneira produtiva.

Quanto ao poema, inicialmente ele foi publicado em seu Livro de Versos, de 1888, o quarto numa série sobre vida e morte, sem título. Esse título foi colocado por Arthur Quiller-Couch, quando ele incluiu o poema no Livro de Versos Ingleses da Oxford.

Ouça o original na voz de Morgan Freeman, em cena do filme Invictus (2009), dirigido por Clint Eastwood, e estrelado por Morgan, que faz o papel de Nelson Mandela, e Matt Damon (François Pienaar), que interpreta o capitão do time de rugby da África do Sul, campeã mundial em 1995. Pienaar foi inspirado por este poema, que foi lhe dado pelo então recém-eleito Mandela (1994), que o usava como fonte de inspiração e força durante os 27 anos que passou na prisão em Robben Island.

*

*

Abaixo, você pode comparar o original com minha tradução, na qual segui a métrica do poema em inglês (octossílabos), a acentuação ritmica (quartas e oitavas sílabas de cada verso), e as rimas (que foram mantidas; em alguns casos, apenas troco a posição delas, ou de versos, mas sem perder o conteúdo).
Out of the night that covers me,
Black as the pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds and shall find me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.

***

Deixando a noite que me abraça,
Escura como a fossa infinda,
Aos deuses que há eu rendo graças
Pela minha alma não vencida.

No aperto atroz da circunstância,
Não há nenhum temor ou brado.
Sob as pancadas do acaso,
Sem se dobrar, minha fronte sangra.

Fora do espaço de ira e prantos,
Assoma o Horror da escuridão,
Mas a opressão que vem dos anos
Me encontrará sem aflição.

Não importa o quão pesado é o fardo,
O quão estreito é o portão,
Eu sou o mestre do meu fado:
Da minha alma, o capitão.

*

Nota do tradutor: O verso "O quão estreito é o portão" é uma referência a um ensinamento de Jesus Cristo, citado em Mateus, 7:13-14:

Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela;

E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.

***

Veja vídeo com o poema recitado por Alan Bates: